11 março 2015
15 abril 2014
Rio em movimento
Um dia participei com o Rafael numa manifestação contra o pastor e deputado federal, Marco Feliciano, que foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados do Brasil, embora ele tenha feito declarações racistas e homofóbicas. Encontramo-nos no centro do Rio, na frente da Câmara Municipal. Lá vários grupos faziam discursos sobre discriminação nas suas vidas e protestavam contra este político. Depois andávamos na rua exibindo cartazes com slogans contra ele e gritando palavras de protesto no ritmo brasileiro, de que gostei bastante, até a Lapa, onde nos juntamos para demonstrar nossa união e nossas intenções.
Depois da minha volta para Salzburg, recebi notícias das manifestações que terminaram com muitos feridos e detidos, e até mortes. Essas notícias me entristecem profundamente, porque naquela época da minha presença lá, nossa manifestação era ainda em paz e sem violência. Ao mesmo tempo vi na internet numerosas manifestações em outras cidades no Brasil por causa do aumento dos preços dos meios de transporte públicos e dos serviços públicos. O Brasil está se preparando para a copa do mundo em 2014 e as olimpíadas no Rio em 2016, o que requer um monte de dinheiro. Num país, onde há pouca classe média e grande pobreza, essa política é injusta e não efetiva.
Por Sayoko Kaschl
11 fevereiro 2012
FESTA DE IEMANJÁ
Símbolo da cultura baiana
A cada ano, em 2 de fevereiro, milhares de pessoas se reúnem no Rio Vermelho, antigo bairro de pescadores em Salvador da Bahia, para homenagear Iemanjá, rainha do mar e protetora da pesca.
A festa de Iemanjá é baseada no sincretismo religioso. Trata-se de uma homenagem ao orixá de origem africana, cujo nome deriva da expressão Iorubá “Yèyé omo ejá” (“Mãe cujos filhos são peixes”). Para os católicos, o mesmo dia é dedicado à Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora dos Navegantes, em algumas regiões do Brasil, como por exemplo no Rio Grande do Sul.
A partir da madrugada, adeptos do candomblé tal como devotos católicos juntam-se nas praias do Rio Vermelho para jogarem suas oferendas no mar ou para depositarem seus presentes em balaios, os quais são levados em embarcações às águas à tarde. A variedade de presentes é enorme, mas tradicionalmente a maioria deles está relacionada à vaidade e beleza de Iemanjá: flores, pentes, espelhos, vestes, maquiagem, jóias, bijuterias e perfumes.
É comum depois da oferenda, as pessoas participarem da vasta programação em bares, restaurantes e hotéis, que se transformam em verdadeiros camarotes. Do ciclo de festas populares, em Salvador, esta festa é considerada uma das mais concorridas. Atrai baianos e turistas de todo o mundo, que se deliciam com as comidas e bebidas típicas das barracas dos largos, ruas e avenidas do Rio Vermelho.
Ute Baumgartner
Salvador da Bahia, 11 de fevereiro de 2012
23 novembro 2009
Recife
Museus e parques no Recife
O Recife, a capital de Pernambuco, também como Salvador da Bahia, possui muitos museus e parques históricos de alta qualidade. A primeira vez que visitei o Recife foi em março no ano de 2007. Estava ainda muito quente, mas o tempo esteve ótimo para passear pelo centro da cidade e ver os rios e as pontes.
Depois atravessando a bacia portuária com um barquinho, fomos para o parque de Esculturas Francisco Brennand que está instalado sobre o molhe do porto, em comemoração aos 500 anos de Descobrimento do Brasil. Lá, encontram-se esculturas de tartarugas, de pássaros e de outras figuras mitológicas, observando o céu sobre a cidade.
Cheia de empolgação saí da casa-museu e fui para o Museu do Homem do Nordeste, que fica mais abaixo do rio Capibaribe. Este museu foi fundado em 1979 por Gilberto Freyre para pesquisar, documentar, preservar, difundir e atualizar o rico patrimônio cultural de Nordeste possuindo cerca de 15.000 peças de heranças culturais do índio, do europeu e do africano na formação do nordestino brasileiro. Pelo uso da tecnologia novíssima, a gente pode entrar no mundo nordestino quase real, audiovisualmente. Foi realmente muito impressionante.
Após visitar esses dois museus nordestinos, fui em busca da natureza nordestina e encontrei o Parque da Jaqueira, onde ficam os Jardins da Capela de Nossa Senhora da Conceição das Barreiras, edificada em 1766. Cercada por um belo jardim com enormes palmeiras, projetado por Burle Marx (“o Senhor dos jardins”, como Tarsila do Amaral se referia a ele), a Capela mostra sua beleza em estilo barroco. O branco intenso da capela e o verde forte do jardim faziam um contraste muito vívido e inesquecível.
O Recife ainda tem muito mais museus atraentes e parques encantadores, mas ainda não consegui visitar todos. Estou só aguardando a próxima oportunidade para conhecer mais, porque neste ano encontrei a escultura de Manuel Bandeira na Rua da Aurora na beira do Rio Capibaribe e prometi que voltarei um dia.
por Sayoko Kaschl
05 outubro 2009
Olinda
O toque de Xangô na Nação Xambá
No dia da partida para a Europa, levantei às 5 horas da manhã e peguei um táxi para São Benedito perto de Olinda para assistir à preparação da celebração do toque de Xangô na Nação Xambá porque não podia ficar até a celebração com o público no domingo, no dia seguinte. A Nação Xambá é o único terreiro dessa linhagem que se tem conhecimento no Brasil.

Explicou-me que a celebração do toque de Xangô já tinha começado na quarta-feira de madrugada e todos os dias havia preparação até o toque no domingo. O toque dura das 16 h até as 20h. O salão estava arrumado com o cheiro gostoso de cominho (tempero para comida) que chegava bem até onde estávamos sentados. Disse que os filhos de santo não deviam falar na sala de entrada até entrarem no terreiro e cumprimentarem os outros filhos de santo.
O toque começou e ele me disse que as crianças estavam tocando na preparação para praticar com os adultos. Eles começam a tocar tambor “ilú” com 4 ou 5 anos de idade. O primeiro toque com canto era para Exu limpar o terreiro e o caminho. O segundo era para Ogum e a seguir para outros Orixás. A sequência dos orixás são sempre Exu, Ogum, Odé (Oxossi), Nana, Bêji, Obaluaiê (Omolu), Ewá, Obá, Xangô, Oyá (Iansã), Afrekête, Oxum, Yemanjá, terminando com Orixalá. Disse que os cantos são 90 por cento na língua Yorubá e outros são na língua misturada com português.
Enquanto escutávamos o toque de Xangô com canto, os galos eram preparados para o sacrifício. Diz-se, na madrugada da quarta-feira também é sacrificado um bode ou uma cabra. Xangô é o Orixá da Justiça, dos raios, das pedreiras e do trovão. O seu símbolo e ferramenta é o machado duplo, suas cores são vermelha e branca e o sacrifício para ele é galo, carneiro, etc. Na Xambá, a cor da camisa é rosa, diferente das outras nações que é vermelha e branca, mas a guia de Xangô na Xambá é vermelha e branca.
Durante os toques as pessoas podiam tomar e comer algo, já que o toque durava quase 4 horas e os adeptos dançavam até seu transe. Fui convidada para um café e saboreei algumas das batatas doces cozidas. Eram muito gostosas. Também havia um prato de milho cozido, um prato de salsichas e pães. Todo mundo era muito gentil e hospitaleiro e eu gostei muito deste convite tão carinhoso. No outro lado do quarto as mulheres faziam um bolo grande e quadrado com cobertura branca para o próximo dia. Parecia muito delicioso!
Por sorte, por volta do fim da celebração fui convidada para entrar no salão do terreiro e pude presenciar esta celebração por um momento, pelo qual agradeço muito a todo mundo no terreiro e especialmente a meu amigo, Guitinho da Xambá. Dançando lá com a batida dos tambores “ilús”, junto com os filhos de santo com roupas bonitas nas cores dos seus Orixás, pude perceber muito forte a seriedade e o respeito desse povo por sua cultura. Com certeza, o toque de Xangô no domingo deve ter sido um bom toque para todos.
por Sayoko Kaschl
Mais informações : http://www.xamba.com.br
Fonte da foto de Xangô : http://ilarioba.tripod.com/orixas.htm