
Escultura de Manuel Bandeira
Museus e parques no RecifeO Recife, a capital de Pernambuco, também como Salvador da Bahia, possui muitos museus e parques históricos de alta qualidade. A primeira vez que visitei o Recife foi em março no ano de 2007. Estava ainda muito quente, mas o tempo esteve ótimo para passear pelo centro da cidade e ver os rios e as pontes.

Naquela época, ainda acompanhada pelo meu professor, Iran, eu andei pela cidade e conheci muitas esculturas dos poetas recifenses. Elas estão nas ruas e nas pontes, de pé ou sentadas, como se ainda estivessem vivendo lá. Gostei muito da ideia de imortalizá-los. Algumas esculturas que encontrei foram, por exemplo, as de Joaquim Cardoso na Ponte Maurício de Nassau, Ascenso Ferreira no Cais da Alfândega e Antônio Maria na rua do Bom Jesus.
Depois atravessando a bacia portuária com um barquinho, fomos para o parque de Esculturas Francisco Brennand que está instalado sobre o molhe do porto, em comemoração aos 500 anos de Descobrimento do Brasil. Lá, encontram-se esculturas de tartarugas, de pássaros e de outras figuras mitológicas, observando o céu sobre a cidade.


Francisco Brennand é o artista que encantou o antigo Engenho São João no bairro Várzea cercado pela Mata Atlântica e pelo Rio Capibaribe, fazendo da Oficina Brennand, um espaço único e misterioso com abundância de peças exuberantes, com os jardins do Burle Marx. A visita ao museu, no ano seguinte, foi impressionante.

No caminho de volta visitei o Instituto Ricardo Brennand, um complexo formado por um castelo, uma pinacoteca e uma biblioteca em estilo medieval gótico com imensos jardins e lagos, também no bairro Várzea. O acervo cultural do colecionador Ricardo Brennand é inestimável. O castelo, o museu do Instituto, reúne a mais importante coleção de armaria do Brasil, das mais diversas origens e período de até seis séculos.

Neste ano quis conhecer mais da Mata Atlântica e fiz uma excursão com minhas amigas olindenses para o Parque Dois Irmãos. O Parque Dois Irmãos fica numa área de reserva fantástica da Mata Atlântica e tem um zoológico com mais de 800 animais de variadas espécies, cercado pela bela natureza com árvores centenárias. Lá conheci algumas aves e tartarugas que nunca tinha visto antes. Por exemplo, este mamífero que se chama “tatu”. É muito bonzinho.

Depois de ter inspirado bastante oxigênio da Mata Atlântica, no caminho de volta pelo rio Capibaribe, passei pela casa-museu Magdalena e Gilberto Freyre. O sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre (1900-1987), autor de “Casa-Grande & Senzala” e “Sobrados e Mocambos”, viveu nesta casa no bairro de Apipucos com sua família por mais de 40 anos. Agora ela é sede da Fundação Gilberto Freyre e abriga o conjunto de objetos colecionados, guardados e ordenados pela família Freyre. Essa casa-museu é repleta de obras, e o seu acervo é de aproximamente 40 mil livros e tudo é colocado como foi concebido por Gilberto Freyre. Imagens sacras católicas se confundem com peças de origem africana, azulejos portugueses com peças de arte indígena, porcelanas orientais com prataria inglesa etc.
Cheia de empolgação saí da casa-museu e fui para o Museu do Homem do Nordeste, que fica mais abaixo do rio Capibaribe. Este museu foi fundado em 1979 por Gilberto Freyre para pesquisar, documentar, preservar, difundir e atualizar o rico patrimônio cultural de Nordeste possuindo cerca de 15.000 peças de heranças culturais do índio, do europeu e do africano na formação do nordestino brasileiro. Pelo uso da tecnologia novíssima, a gente pode entrar no mundo nordestino quase real, audiovisualmente. Foi realmente muito impressionante.
Após visitar esses dois museus nordestinos, fui em busca da natureza nordestina e encontrei o Parque da Jaqueira, onde ficam os Jardins da Capela de Nossa Senhora da Conceição das Barreiras, edificada em 1766. Cercada por um belo jardim com enormes palmeiras, projetado por Burle Marx (“o Senhor dos jardins”, como Tarsila do Amaral se referia a ele), a Capela mostra sua beleza em estilo barroco. O branco intenso da capela e o verde forte do jardim faziam um contraste muito vívido e inesquecível.

O Recife ainda tem muito mais museus atraentes e parques encantadores, mas ainda não consegui visitar todos. Estou só aguardando a próxima oportunidade para conhecer mais, porque neste ano encontrei a escultura de Manuel Bandeira na Rua da Aurora na beira do Rio Capibaribe e prometi que voltarei um dia.
por Sayoko Kaschl