06 dezembro 2006

Um Brasil visto de fora

por Thomas Frisch e Günther Schmidhuber

Um filme americano sobre o Brasil visto na TV foi o incentivo para Tunico Amâncio escrever o seu livro „O Brasil dos Gringos“. Além do carnaval, o filme não tinha nenhuma relação com a realidade brasileira, mesmo ele fosse uma mistura estranha das culturas latino-americanas. Então o professor da UFF- Niterói decidiu escrever a sua tese de doutorado sobre essa problemática de como e porque essas imagens do Brasil se articulam na indústria de filmes estrangeiros.

Depois de um ano de pesquisa em Paris e da análise de muitos filmes, começou com o livro. Exceto alguns curtas-metragens Amâncio não tem experiência cinematográfica. Encontrando Lúcia Murat e por estar impressionado com o seu filme “Brava Gente Brasileira”, o projeto “O Olhar Estrangeiro” nasceu. Em novembro de 2006, esse projeto, no qual ele participou como co-roteirista, foi exibido no programa do Festival Brasil Plural no Elmo Kino em Salzburg. Durante o festival, o autor deu uma entrevista para a Folha de Salzburg.

“O Brasil sempre foi definido de fora.”

No livro “O Brasil dos Gringos”, Tunico Amâncio analisa quatro figuras na definição do Brasil no cinema, que são a base da tese. Esses quatro elementos são o viajante, a projeção utópica, o ladrão ou degregado e o Brasileiro fora do Brasil. A figura do viajante combina todas as noções de aventura e natureza. A projeção utópica quer dizer que a definição não é baseada numa coisa material mas imaginária, por exemplo “Brazil” do diretor famoso Terry Gilliam. O ladrão que foge pro Rio de Janeiro e o Brasileiro fora do Brasil, o exótico no mundo civilizado, sempre foram temáticas cinematográficas populares.

Além disso, Tunico Amâncio explica na sua tese a diferença do clichê e do estereótipo. O clichê é uma imagem que você imprime e reproduz mil vezes, mas essa imagem nunca muda, por exemplo, a Torre Eiffel, que representa Paris. Enquanto o clichê não tem outro significado que representa algo, o estereótipo sempre carrega uma valorização positiva ou negativa, por exemplo, a mulher brasileira, que é gostosa, fácil etc.

“O filme ilustra essa tese muito bem.”

Perguntado sobre o Festival Brasil Plural, ele o acha muito importante porque o acesso à informação muda a cabeça das pessoas. Além disso, é um apoio para todo grupo de intercâmbio cultural. Embora o tamanho do festival seja pequeno, os filmes atingem um público interessado. Como todo mundo sabe e como ele enfatiza no final da entrevista, a melhor coisa é uma pessoa curiosa.